O título deste artigo deixou-o confuso? E se lhe dissermos que a Araucana, a loja de que falamos, abriu, fechou e abriu? Pois, ainda mais confuso fica. Mas vamos por partes.
Tudo começou em 2019, quando ainda não havia loja e, Alexandra Alves, que na altura tinha “Diretora Industrial” escrito no CV, estava a terminar umas férias pela Ásia, que culminariam em Bali. “A determinada altura, entrei numa loja de roupa de praia, muito bonita, e aquela atmosfera, tudo tão tranquilo, tão clean, fez-me confessar à minha filha que me acompanhava: ‘Olha, disto é que eu gostava! De parar agora um bocadinho e ter um projeto como este’”, conta Alexandra.
No fundo, aquele desabafo foi o suficiente para, passado pouco tempo, já em Portugal, decidir trocar o stress, e as horas infinitas de trabalho, por uma loja de roupa de raiz que aposta na moda sustentável e no design de autor.
Na verdade, não foi inocente escrevermos que o espaço foi criado de raiz. Sim, queríamos referir que nasceu do zero, mas também queríamos fazer uma associação à sua designação, Araucana, nome da árvore nacional do Chile. Foi, contudo, por outro dos significados de Araucana (não pesquise o nome no Google, se não gostar de galinhas) que Alexandra o escolheu: “A inspiração veio de um poema do Pablo Neruda, em que ele se dirige a uma Araucana – uma mulher do Chile – e diz mais ou menos isto: ‘Quando esqueci os teus beijos, fiquei recordando tua boca’. E eu sinto que esta elegância subentendida no poema tem muito a ver com a postura e estilo da loja e da roupa”, explica.
A abordagem do gigante Ecoalf
Nem tudo foi um poema quando a loja inaugurou, no número 108 da Rua dos Caldeireiros. “Abri em março deste ano e fechei em março deste ano”, revela Alexandra, relembrando o azar que teve ao arrancar com o projeto, no momento em que a pandemia se começava a instalar em Portugal.
Poderíamos dizer que mais desmotivador seria difícil, mas a verdade é que quando reabriu, mais próximo do verão, voltou a animar o movimento do espaço, a par de mais alguns feitos notáveis da marca. “Posso dizer que, em Portugal, uma designer que eu admiro muito, a Alexandra, da Pé de Chumbo, aceitou criar umas peças exclusivas para a loja, a partir de restos de coleção”, conta Alexandra, a da Araucana.
Mais impressionante, ainda, foi a recente abordagem da Ecoalf – marca gigante na indústria da moda sustentável -, que disse querer “estar presente em lojas como a Araucana ”. “Mas eu sou muito pequenina, só compro duas ou três peças”, admitiu Alexandra. Para a Ecoalf isso não importa e, hoje em dia, quem passa pela loja, lá consegue ver as peças da reconhecida marca espanhola.
O Porto apaixonante
Motivos de orgulho, portanto, não faltam.
Há, no entanto, um que se destaca, sendo o maior de todos: “Sinto orgulho em dizer que a loja está no Porto”, confessa Alexandra. “A Baixa encanta-me e considero esta cidade muito romântica, o que tem tudo a ver com a Araucana. Concordamos com as duas perspetivas: quem visita a loja, quem vista a cidade, encanta-se e sente amor à primeira vista.