“A espalhar sorrisos desde 1950”. É esta a informação com que se deparam aqueles que visitam a Gelataria Neveiros, no número 930 da Rua da Alegria.
E é a sorrir que vemos os clientes entrarem pelas portas de 70 anos de história: os mais novos sorriem pelo entusiasmo de provarem um gelado com características únicas e os mais graúdos por serem transportados para as memórias da sua infância, e perceberem que os sabores da Neveiros se mantiveram intactos, ano após ano.
As memórias do antigo portão verde
Fundada por Alda Freiria, uma lisboeta que se mudou para a cidade Invicta, a Neveiros foi um negócio que desde cedo conquistou a alta burguesia portuense e cativou os seus clientes com o seu gelado de fabrico tradicional e receitas artesanais.
A primeira loja, junto à Cooperativa dos Pedreiros, era facilmente identificada pelo seu portão, que ainda hoje é recordado pelos clientes mais antigos. “Há montes de clientes numa faixa etária entre os 40 e os 60 que têm memória de ir ao portão verde”, conta Telma Reis, uma das atuais responsáveis pelo negócio.
Nos primeiros anos de existência, a Neveiros contava apenas com 4 sabores de gelado: chocolate, morango, framboesa e baunilha. E, hoje, ainda são estes sabores que servem para comprovar a mesma qualidade de sempre e que, desde a primeira colherada, transportam os portuenses para as conversas com Alda, ou para as corridas de cavalos e idas à praia em Leça da Palmeira, onde a Neveiros servia o seu gelado em carrinhos refrigerados.
Estes carrinhos, que outrora serviram para levar a gelataria mais longe, fazem agora parte da decoração da loja e emocionam aqueles que têm uma relação mais longa e nostálgica com a marca. “A Neveiros está muito categorizada nas memórias afetivas dos nossos clientes”, confidencia Telma.
Da produção ao produto final
Como se não bastasse a história tão rica desta marca, há ainda outras coisas que distinguem a Neveiros das demais gelatarias na cidade. Aqui, o processo de criação dos gelados é feito de forma artesanal, em todas as fases de produção. “O sabor do nosso gelado altera de acordo com os açúcares naturais das frutas, porque não adicionamos corantes, nem conservantes”, explica Telma.
A verdade é que o resultado final transparece isso mesmo, e o aspeto “mais tosco” do gelado Neveiros com uma “textura própria da fruta” é um cartão-de-visita para os que procuram receitas menos industriais e sabores mais naturais. “Nós controlamos todo o processo de produção, desde a origem. Até escolhemos a fruta”, afirma Telma.
A Neveiros nos dias de hoje
Hoje, a Neveiros continua empenhada em crescer, mantendo-se sempre fiel ao seu lado mais rústico e original, mas com a consciência de que é imperativo inovar, explorar novas combinações de sabor e reinventar o negócio.
Num ano em que a pandemia se instalou, reinventar foi mesmo a palavra de ordem. A Neveiros tem vindo a apostar nos serviços de entregas ao domicílio e a alargar a sua oferta, conciliando as estrelas da carta com outros produtos, como waffles, crepes, brownies e cookies.
Para além disso, as parcerias que a marca tem vindo a desenvolver com o setor da hotelaria, também têm sido um motor para o crescimento da Neveiros: “Temos qualidade reconhecida pelos maiores hotéis da cidade, o que nos garante encomendas todo o ano”.
No fundo, quando falamos de gelado, as possibilidades são infinitas. Mas uma coisa é certa, todas elas têm levado a Neveiros a conquistar os portuenses e a manter vivo o espírito da loja do portão verde: que mais do que vender gelados, fazia pessoas felizes.
Rua da Alegria. A morada não podia ter sido mais acertada, para um local como este.