Se visitar o Porto pela primeira vez e passar no cruzamento da Rua de Santa Catarina com a Rua de Passos Manuel, não estranhe se se deparar com uma pequena multidão de olhos e câmaras postos na fachada de um edifício. Aliás, o melhor que tem a fazer é juntar-se à plateia e desfrutar do espetáculo.
O edifício em questão é o das Galerias Palladium, cuja fachada ostenta um relógio com carrilhão e quatro estatuetas que saem, de três em três horas, para desfilar no exterior, ao som das respetivas badaladas. Ao fim de cerca de dois minutos, as figuras regressam ao interior.
Para além do entretenimento que propiciam, é uma simbólica homenagem ao Porto. As quatro estatuetas, na realidade, representam quatro figuras indissociáveis da história e identidade da cidade – São João, o Infante D. Henrique, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco – que, assim, se apresentam à cidade como para a saudar.
O relógio só foi instalado na segunda metade da década de 1970, altura em que o imóvel, depois de ter sido morada dos Grandes Armazéns Nascimento e, mais tarde, do inesquecível Café Palladium, passou a albergar um espaço de pronto a vestir – as Galerias Palladium, nome que perdurou até hoje.
O edifício, uma autêntica pérola da cidade, onde se condensam mais de 90 anos de história. foi projetado pelo arquiteto Marques da Silva, responsável por outros ícones arquitetónicos da Invicta, como a Estação de S. Bento, o Teatro Nacional São João ou o Liceu de Alexandre Herculano. Olhar para a sua majestosa fachada art decó transforma-se facilmente numa viagem pelo tempo. Valha-nos o relógio que a acompanha para nos dar sempre a hora certa.
08 | 10 | 2024