Ninguém imaginaria que, atrás do balcão de uma loja que se dedica à venda de mel e de produtos derivados, estaria uma ex-estilista. Mas esse é mesmo o cenário, quando se fala de Fátima Silva, a proprietária do “Lagar do Mel”, estabelecimento que há já dois anos está localizado no Centro Comercial Bombarda.
“Eu trabalhava como estilista numa empresa da minha área de formação, que é Design de Moda. A determinada altura, decidi fazer uns cursos, em horário pós-laboral, de Marketing e Merchandising e, num daqueles trabalhos que durante as formações costumamos fazer, surgiu-me – não sei como nem porquê – este pensamento: ‘Uma marca de mel seria uma coisa engraçada…’”, começa por explicar Fátima. “Atenção, que eu não tenho apicultores na família e não tinha qualquer contacto com as abelhas, a não ser pela observação normal, no jardim ou em casa”, alerta.
A verdade é que o bichinho foi entrando e, como Fátima não estava muito satisfeita no emprego que tinha, foi desenvolvendo a curiosidade, ao ponto de participar em formações na área da Apicultura, que a faziam sair do Porto para Trás-os-Montes, à sexta-feira à noite, e só regressar no domingo para, na segunda, retomar o dia-a-dia no mundo da moda. “A determinada altura, chateei-me mesmo no emprego, despedi-me e comecei a trabalhar o ‘Lagar do Mel’”, resume Fátima.
Depois disso, foi uma questão de tempo até o projeto, conforme hoje o conhecemos, ganhar forma. “Posso dizer que abracei esta atividade com muita paixão, tendo em conta que eu nunca tinha tido contacto com este universo”, refere.
Histórias melosas
Os anos que já leva atrás do balcão permitem-lhe colecionar histórias dignas de um verdadeiro filme: “Uma vez, um senhor apareceu-me a pedir mel, mas fez questão de alertar que tinha de ser mesmo bom, porque seria para fazer um feitiço de amor”.
Na verdade, o mel parece mesmo despertar os sentimentos mais fortes, ou não o comprovasse mais uma peripécia vivida por Fátima: “Numa outra altura, um senhor veio ter comigo, porque queria comprar mel. Eu, como normalmente faço, perguntei-lhe que tipo de mel pretendia. Se gostava de um mel mais intenso, mais suave… Ao que ele me respondeu: ‘Olhe, se fosse para mim, qualquer coisa servia, mas é para as pombas. Eu queria o melhor que tivesse aí.’.